sexta-feira, 25 de maio de 2007

A Distância

25 de maio de 2007, por volta das nove da manhã, após passar a noite no quarto 32 do Alta Cienega Motel, West Hollywood, California. Aqui escrevi esse post e terminei a poesia que nele está.
Morador ilustre do local de 1968 a 1970: Jim Morrison.


O que separa um ponto do outro? Fisicamente falando é o espaço entre eles, conhecido como distância. Esse espaço gera diversos efeitos colaterais, o mais conhecido é a saudade.

Entretanto, além da saudade, temos outro efeito colateral, que é a total falta de controle que se tem de interagir com a extremidade oposta do plano em questão. Aplicando essa teoria nos fatos que me aconteceram a pouco, fica mais fácil de compreender.

Estou longe, longe de tudo o que me era (e ainda é) querido. E se um desses bens distantes deixasse de existir, sem meu ultimo olhar, palavra ou manifestação? E foi o que, tristemente, me aconteceu: Tia Lourdes faleceu nesse dia 21, fulminante, rapidamente, não sofreu. Não nos despedimos e não vamos nos falar mais em momento algum dessa vida.

Lourdes agora é memória, assim como tudo o que deixa de existir. Isso pode nos levar a divagações sobre "o que realmente é existir" ou sobre os conceitos de "realidade" e "irrealidade" ou até mesmo sobre "imortalidade". Mas não é ali onde quero chegar.

Poderia falar sobre a pessoa de minha tia e a falta que uma pessoa pode fazer no mundo (o que é bem óbvio). Gostaria apenas enfatizar o quanto a decisão de ficar distante tem um peso absurdo na vida de todos. Nesse caso o "distanciar-se" pode ser entendido num sentido maior do que o apenas físico. A pessoa que se encerra em si e não se comunica, a pessoa que se comunica pela metade, a pessoa que esquece de se expressar, estão tão distantes do mundo e dos entes queridos quanto pessoas em lados opostos do globo.

Assim como eu, todos pagam o preço da distância, mas o valor a ser pago só se sabe depois que se decide. Se vale a pena ou não, depende de como se honra a escolha. Entretanto sei que a falibilidade e delicadeza da vida nos permite aceitar esse preço, pois no fim das contas, todos fomos feitos para partir. Orbitamos em torno de algo que se chama vida e a todo momento nos aproximamos e nos distanciamos, num bailar constante e inevitável, conforme nossos "sins" e "nãos". Somos como os planetas e estrelas ao redor do sol.

Enfim, partir requer coragem para dar o primeiro passo, perseverança para continuar a andar e estômago para regressar e enfrentar o que ficou. Quem compra a briga?

Deixo para vocês dois poemas: Um do meu guru Vinicius de Moraes que, definitivamente me sossega a alma e me ensina muito, e um outro meu, dedicado à minha falecida tia.

Que isso ilumine quem precisa de luz e entretenha quem precisa de entretenimento.

Eternamente lobservando.

Abraços.

Poema de Natal

por Vinicius de Moraes

Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos –
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.

Assim será a nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos –
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.

Não há muito que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez, de amor
Uma prece por quem se vai –
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.

Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte –
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.



Poema em Memória de Maria de Lourdes Fonseca

"Professora, mãe, avó e minha tia, falecida em 21 de maio de 2007.

Quase noite aqui no norte
E por telefone recebo a notícia:
"Nesta tarde veio a morte
e nos levou a tia benquista"

Restou-me apenas recordar
e dedicar-lhe uma oração.
E por sempre incentivá-los
deixo um poema, de coração.

Lembro-me do andar vagaroso e cauto,
das conversas sobre o mundo,
de como o ser humano pode voar alto
ou provar do poço o fundo.

Lembro da infância, tão contente,
várias visitas pelo ano.
Também dos anões no jardim da frente,
e na sala o tapete fofo e o piano.

Exercia o sagrado ofício:
lecionava Geografia.
Professora no colégio
e mestre por todo o dia.

E naquela noite fria,
deixou seu exemplo como legado.
Foi uma honra tê-la na família
Espero que também tenha gostado.

Hollywood, 24 de maio de 2007.

Link para meus outros poemas.

terça-feira, 8 de maio de 2007

1750 North Wilcox Avenue, ap. 134 - Hollywood, California, 90028

A sacada com o colchão e o pano vermelho é o local que chamo de lar.


A apenas alguns passos da Hollywood Boulevard e sua "Walk of Fame", conhecido como "The Mark Hollywood" e chamado carinhosamente, pelos brazucas, apenas de Wilcox, esse é meu novo endereço a quase um mês. Deixei o Carlton Way com muito pesar no coração, aquele vai ser pra sempre um lugar especial pra mim. Alí vivi com o Ton, o João e o Carlão. Ainda me lembro de nós, numa manhã fria qualquer, indo da Bronson até a Vine Street, pela Sunset Boulevard, rumando para o Wells Fargo Bank afim de descontar nossos sacrificados "Pay Checks".

Hoje isso é passado, um passado recente que parece muito distante, quase de uma outra vida. Não se pode medir se foi melhor ou pior, as diferenças são gritantes, em todos os sentidos. Mas enfim, hoje vou falar um pouco mais sobre a Wilcox e, por que não, sobre outras coisas mais.

A primeira coisa que se pode dizer sobre o The Mark é que o site é muito moderno e ajeitado, mas os apartamentos não passam de apartamentos normais, ocupados em sua maioria por jovens estudantes do "Musicians Institute", uma escola de música maravilhosa que tem aqui em Hollywood, um dos alunos que de lá saíram foi o Flea, do Red Hot Chilli Pepers.

Uma curiosidade sobre a banda RHCP e o Musicians Institute é que o clipe de "Tell Me Babe", aquele onde aparecem um monte de gente diferente tocando, foi feito com alunos e professores do Instituto. Inclusive, aquela moça negra que aparece logo no começo do clipe com uma guitarra verde, é a Taliba, visitante costumeira do nosso apartamento, ela é bem amiga dos nossos vizinhos músicos que também estudam no M.I.

Voltando ao The Mark, não se tem muita coisa a dizer, é um prédio recém remodelado, e ainda não encontrei muita história sobre ele. Mas é um tanto confortável, tem piscina, uma mini academia, sacadinha e o telhado com uma vista linda da cidade e das montanhas (isso quando não tem o famoso Smog de Los Angeles atrapalhando a vista).

A Wilcox Avenue tem esse nome em homenagem a dois dos fundadores de Hollywood: Harvey Henderson Wilcox e sua esposa Daeida Wilcox Beveridge (pra quem não lembra, ver o Hell'ywood). Daeida foi a responsável por planejar os lotes e dar nome às ruas da cidade, para as quais usou nomes que atraissem os futuros compradores dos lotes. Realmente, eu acho os nomes das ruas desse bairro um charme, algumas mudaram para nomes de personalidades importantes, como a própria Wilcox, ou a Bronson onde morávamos antes, mas não é todo bairro que tem ruas com nomes como: Sunset, Santa Monica, Fairfax, La Brea, Melrose, Highland, entre outros.

Pra quem quiser me visitar, temos um ótimo ponto de referência a alguns metros de casa, o Pacific Theatre de Hollywood, logo na esquina da Hollywood Blvd e a Wilcox Ave. Esse teatro merece um post específico, assim como a Calçada da Fama que enfeita a mais famosa rua de Hollywood, tão famosa que leva o nome da cidade. Mas isso é pra semana que vem, por agora deixo algumas fotos tiradas do telhado da Wilcox pra vocês.

Até breve. E agora, lobservando como nunca!


A Hollywood Blvd passa em frente do prédio com a bandeira americana, estamos o vendo pela diagonal traseira. Ao fundo um predião com a propaganda do filme dos Transformer, alí é a esquina da Vine com a Sunset, onde está a nossa agência do Wells Fargo Bank.


Quando a gente diz que a coisa aqui é Rock and Roll na veia, ninguém acredita, né?


Aqui sou eu (pra quem está com saudade) no telhado, usando a charmosa parede do prédio vizinho como background.


Mais uma vez olhamos para a Hollywood Blvd que também pssa em frente àquele prédio marron, esquina com a Ivar Avenue. Esse prédio é apenas um das dezenas que a Church of Scientology (aquela do Tom Cruise) possui em Hollywood. Inclusive, foi dessa esquina que no primeiro dia aqui, eu, Carlão, Ton, João, Emiline e Rafael assistimos a Hollywood Parade.


Essa é a nossa piscina, vista do teto.


Aí estou eu, o Luis (que é do Equador e mora comigo) e a Émelin, roommate oficial, chegou junto comigo na cidade e, novamente, dividimos o mesmo teto. Nesse dia fazia 32º celsius...loucura.

Eu, caminhando pelo telhado, aprendendo a aceitar as coisas boas que a vida insiste em oferecer. Bobo é quem faz cara feia e ignora.


terça-feira, 1 de maio de 2007

L.A. Dodgers 4, San Francisco Giants 5 .

No belo e ensolarado dia 26 de abril de 2007, juntamente com meu compadre americano David, fomos ao Dodger Stadium para curtir mais um jogo da Major League Baseball: Los Angeles Dodgers vs. San Francisco Giants, jogo no qual o Dodgers perdeu pelo placar que está no título. Disse o David (Dogders convicto) que o San Francisco (Frisco) é "O Rival" do Dodgers, pela proximidade das cidades e da rixa entre vitórias e derrotas que um tem contra o outro. Infelizmente, para o David (eu torço pro Yankees, não me afetou muito), apesar do Dodgers ter jogado muito bem - o jogo foi muito emocionante - no finalzinho o Frisco ganhou de virada.

O Dodger Stadium abriga o time de baseball de Los Angeles desde 1962, sua capacidade é de 56.000 pessoas. Já foi palco de shows memoráveis de bandas memoráveis como o The Cure, Kiss, The Rolling Stones, Bee Gees, Elton John, Simon and Garfunkel, Michael Jackson, David Bowie, Genesis, Eric Clapton, Depeche Mode, U2, Dave Matthews Band, Bruce Springsteen, além dos inigualáveis The Beatles. O The Police irá tocar alí no dia 23 de junho em sua Reunion Tour.

O Dodger Stadium também fo palco do show "Encore - Os Três Tenores", em 1994, estrelando Plácido Domingo, José Carreras e Luciano Pavaroti, com a orquestra regida pelo incrível Zubin Mehta.

Lembram das cenas do jogo de basebal no "Corra Que A Polícia Vem Aí" ? Sim! Elas foram gravadas alí, mas o time que estava jogando era o um tal de California Angels. Também foram gravadas algumas cenas do filme Superman Returns, mas foram adicionadas imagens de Metrópolis como fundo usando um efeito cinematográfico chamado CGI.

Bem, foi esse mais um desejo realizado: ver um jogo da liga profissional americana de baseball. Realmente tem coisas que só o Tio San faz pra você. Mas... vamos parar de conversa por agora e vamos às tão requeridas fotos.

Somos nós na Freeway! Ao fundo Downtown Los Angeles.

Cortamos caminho por Chinatown. Ao fundo o portal do bairro, no qual os dois dragões abocanham o prédio da prefeitura de Los Angeles. Coincidência...vai saber!

Esse aí sou eu, estilo "Jimmy Olsen para o Planeta Diário".

Quase lá.

Tchanam!! Aí está o dito cujo, ao por do sol. Eu achava que seria maior...mas é grande.

Go Dodgers!!!!

Aí está o local do crime!

Ele poderia ter acertado essa...

Esse sou eu e o David, um cara gente boa, que adora curtir a vida no Brazilian Style, mas em eventos American Style...