sexta-feira, 15 de junho de 2007

"...from Los Angeles, California...The Doors!!!"


Vir a Los Angeles e não mencionar The Doors, no meu caso, é missão impossível. Essa banda é trilha sonora da minha vida desde os 13 anos de idade até hoje, com uma enorme importância nos seis primeiros anos desse período. Quando completei 19 anos de idade, meu leque musical se abriu tanto que ficou impossível eleger a música do momento desde então.

A mística da banda me afetou a alma. O interesse por poesia e pelo sentido maior das coisas, escondido em seus detalhes, surgiu daí. O reconhecimento de que em tudo existe um lado negro que merece se conhecido e testado, a mensagem de rebeldia pacífica e irromper para o outro lado até hoje fazem parte do meu espírito. Hoje moro na cidade deles, visito seus lugares e santuários, vejo o que os inspirou. Agora, a cada novo lugar, a cada nova paisagem de Los Angeles, sua música faz mais sentido.

A banda nasceu nas areias de Venice Beach, uma praia maravilhosa aqui em Los Angeles, de um encontro ao acaso, entre Ray Manzarek e Jim Morrison, que já se conheciam da faculdade de cinema da UCLA (University of Califoria Los Angeles), onde haviam se graduado. Na ocasião Morrison comentou com Ray que vinha escrevendo canções e poesias. Ao ouvir a criação do amigo, Ray instantaneamente o convidou para entrar em sua banda Rick and The Ravens.

Tempos depois, trocando os outros integrantes (irmãos de Manzarek) por John Desmore na bateria e Robbie Krieger na guitarra a banda se rebatizou de "The Doors" - pra quem não sabe inglês: "As Portas". Esse nome foi retirado do título do livro "As Portas da Percepção" de Aldous Huxley (que já morou e morreu em Los Angeles), que por sua vez foi inspirado em um verso do texto "O Casamento do Céu e do Inferno" de Willian Blake, um poeta do séc. XVIII, onde se lê: "Se as portas da percepção forem abertas, os homens verão as coisas como realmente são: Infinitas".

Com essa base filosófica complexa, de base beatnik e ideal libertário - tanto no plano sensitivo quanto no político e moral - os Doors criavam seu estilo, uma mistura de Jazz, Blues, Rock and Roll, Música Clássica e Poesia.

A carreira da banda foi bastante turbulenta, Jim Morrison, o vocalista, estava cada vez mais imprevisível no palco e fora dele, bebendo excessivamente e tomando atitudes extremas, muitas vezes chocando o público e os membros da banda. Tudo isso apenas aumentou a mística de rebelde e obscura que a banda já tinha por causa de sua música.

Depois do lançamento de seu primeiro disco, chamado apenas "The Doors", em 1996, a banda consolidou-se como uma das mais controvertidas e revolucionárias do rock naquela época, juntando-se a grupos como Jefferson Airplane, Gratefull Dead e outras da cena roqueira Los Angeles - San Francisco nos anos 60, o berço do movimento Hippie norte-americano, participando ativamente desse período que ficou conhecido como o "Summer of Love". Durante sua curta existência de 5 anos, entre 1965 e 1970, a banda viajou pela América do Norte, Europa e México.


Em 5 anos, os Doors lançaram seis álbuns: The Doors (1966); Strange Days (1967); Waiting for the Sun (1968); Morrison Hotel (1970); L.A. Woman (1971).

A banda se dissolveu no final de 1970, após gravarem o album L.A. Woman, lançado no início de 1971. Morrison mudou-se para Paris, França, em março do mesmo ano, para tentar se reestabelecer como um poeta, o que era seu desejo desde o princípio. Infelizmente, no dia 3 de julho daquele mesmo ano ele foi encontrado morto por sua namorada Pamela, na banheira de seu apartamento, no terceiro andar da Rue Beautreillis No. 17. Apesar de não ter havido autópsia, dizem os registros da polícia francesa que a causa mortis foi ataque cardíaco. Morrison tinha apenas 27 anos de idade, entrou para o roll dos jovens roqueiros mortos aos 27, junto com Janis Joplin, Jimi Hendrix e outros.

Após a morte de Morrison, os rapazes do Doors ainda lançaram dois discos entre 1971 e 1972: Other Voices e Full Circle, nos quais Robbie e Ray revezavam os vocais, mas o mito de Jim Morrison não deixou que estes álbuns fossem bem aceitos. Em 1978 a banda lança o que seria seu último trabalho com Jim Morrison, chamado de "American Prayer". Esse álbum é uma compilação de poesias recitadas por Morrison que a banda musicou após sua morte, um trabalho muito interessante pra quem gosta de poesia.

Desde então os membros da banda e de sua gravadora a Elektra Records vêm relançando material remasterizado e muita coisa inédita da banda. Vou contar um detalhe interessante sobre a música Glória, que aparece no álbum Alive She Cried, lançado em 1983, uma compilação de músicas ao vivo, gravadas em vários shows da banda: Essa música foi composta pela banda norte-irlandesa "Them", cujo vocalista e compositor se chamava Van Morrison. Os Doors e Van Morrison se apresentaram muitas vezes juntos, o que resultou na amizade que levou os meninos a tocarem e gravarem essa versão.

Os outros membros da banda continuam na ativa. Ray Manzarek é produtor musical, cineasta e escritor. Em 1998 publicou sua biografia chamada: Light My Fire - My Life With The Doors e está sempre envolvido com novas produções ou cuidando dos relançamentos de material do Doors.

Robby Krieger, o guitarrista e compositor de alguns dos maiores hits da banda como Light My Fire, Love me Two Times, Touch Me e outros mais, durante os anos 70 e 80, gravou alguns discos com sua "Robby Krieger Band". Hoje em dia participa, vez ou outra, de álbuns de artistas locais de Los Angeles. Junto com Manzarek, Robby continua a difundir a música do Doors, eles têm o projeto "Riders on The Storm", no qual revezam baterista e vocalista. Nesse projeto já estiveram figuras como Ian Astbury do The Cult nos vocais e Stewart Copeland do The Police na bateria.

John Desmore, o baterista, sempre interessado no Jazz, também tem seu livro sobre o período no qual tocava no Doors: Riders On The Storm - My life with Jim Morrison, que inclusive estou lendo. Um ótimo livro. Como todo baterista de Jazz, esteve sempre envolvido em jam sessions e participou em inúmeros álbuns de muitos músicos. Atualmente é professor no Santa Monica City College, um colégio municipal profissionalizante da cidade de Santa Monica, na região de Los Angeles. Em 2006 lançou seu primeiro trabalho de música própria, o "Tribaljazz", uma mistura de jazz americano com percusão africana.

Agora que já falei quem foram esses caras, vou poder mostrar pra vocês todos os "hot-spots" deles que visitei aqui em Los Angeles. Mas isso fica para o próximo post. Obrigado pela paciência...divirtam-se, pois agora tem um monte de informação pra ser digerida.

Aquele abraço.


terça-feira, 5 de junho de 2007

Enquanto a pesquisa acontece...

Numa praça em West Hollywood:
"Hei de criar! Se não uma nota, um buraco.
Se não um prelúdio, um sacrilégio."


Esse sim estava desesperado para criar...

Enquanto termino alguns textos significantes sobre o turismo nessa cidade linda, deixo esse poeminha romantico (como não poderia deixar de ser) que terminei esses dias. Ele foi publicado no meu recanto.

Espero que gostem.

Até breve.



Me comove a sua palidez - quase mórbida
e nessa alvura lunar, os traços de noite que lhe adornam.
Um sonho de mulher, um sonho branco.
Persiste diariamente em mim esse desejo
quase indecente de cercá-la e
vê-la embrulhar-se em minha pele.
E quando dentro de mim, prisioneira,
eu tomaria posse da sua noite, desvairada e quente.
Te amei demais...

Mas nosso problema está no tempo do verbo.



Hollywood, Califórnia, Maio de 2007.